As Congregações Marianas (CC.MM.) não apareceram
de salto na História, nem foram logo desde o começo inteiramente o que hoje
são: tiveram naturalmente os seus precursores, e a sua evolução gradual.
Na primeira metade do século XVI não era demasiado
lisonjeiro o estado da Igreja: urgia opor um dique à corrupção e à heresia,
ateando aqui e além no seio da Sociedade cristã focos de piedade e boas-obras.
Assim nasceram, frutos de zeloso apostolado, associações pias que visavam a
reforma dos costumes e o culto da Virgem Santíssima, tão desbaratados pelo
Protestantismo.
Em Portugal, ao lado do Centro de Piedade fundado
na cidade do Porto pelo fervoroso Henrique Nunes de Gouvêa e seus companheiros,
aparecia em Évora (1552) uma Confraria de caridade para socorrer os
necessitados, a esforços dos padres Cornélio Gomes e Pedro Santa Cruz, S. J., e
outra (1554), fundada com o nome de "Jesus" pelos padres Santa Cruz e
Manoel Fernandes contra os juramentos e pragas. No Torrão (1568) fundava um
jesuíta de Évora nova associação do mesmo fim e nome, enquanto no Porto os seus
Irmãos de hábito afervoravam o espírito do povo com os cultos de S. Pantaleão
(1578).
Na Sicília, era paralelo o movimento, devido, como
em Portugal, aos filhos de quem mais tarde a Igreja canonizou, Inácio de
Loyola. Em Messina (1549) sessenta cristãos fervorosos pediam ao pe. Nadal lhes
desse ordem à criação de uma confraria para socorrer os presos e os pobres
envergonhados. O número cresceu, e em 15 de agosto, dia da Assunção da Ssma.
Virgem, erigia-se a associação "para a maior glória de Deus e edificação
comum", como diz em carta o fundador. Aqui se desenham mais nítidos os
caracteres das futuras Congregações: devoção a Nossa Senhora, cuidado
particular da perfeição própria e obras de zelo. E mais claro se desenhou
ainda o primeiro dos três na associação criada, também na Sicília, pelo pe.
Cabarásio, SJ, entre os seus melhores alunos, que se reunia cada sábado depois
das aulas junto ao altar da Mãe do Céu, para renderem cultos especiais à Maria
e ouvirem falar das suas grandezas.
Era um primeiro esboço das Congregações de
estudantes.
Roma, porém, e o Colégio Romano estavam fadados
para o berço da primeira Congregação propriamente Mariana, cuja fundação Deus
reservara a um jesuíta belga: o pe. Leunis. Em 1563 reunia este Padre, no
princípio semanalmente, depois cada dia, aos pés de Nossa Senhora, os seus
discípulos e muitos que não o eram, orando todos à Ssma. Virgem, e ouvindo a
seguir uma breve leitura espiritual. Nos Domingos e Festas cantavam-se ainda as
Vésperas solenes. Um ano depois, em 1564 eram já setenta os congregados e
davam-se as primeiras Regras, cujo teor em resumo era:
Fim primário: progresso na sólida piedade e no
cumprimento dos próprios deveres, sob a proteção e com a ajuda da Virgem Ssma.
Meios: confissão semanal, ouvir Missa cada dia, rezar o Rosário,
e fazer outras orações do Manual. Nos dias de aula, depois desta, um quarto de
hora de meditação, e outro de exame prático sobre os próprios deveres. Nos
domingos e festas: canto das Vésperas, instrução pelo Diretor, visita aos
hospitais, e outras obras de caridade. A Congregação tinha um Presidente e
alguns Oficiais subalternos, subordinados todos ao Diretor, que devia ser da
Companhia de Jesus.
Com o andar do tempo, formou-se ao lado da
Congregação uma Academia em que se apresentavam trabalhos escritos,
muitos deles dramáticos, e se discutiam teses com argumento determinado, sendo
muitas vezes as sessões honradas com a presença de homens notáveis por saber ou
posição social.
A semente era de bênção, e começou logo a
frutificar largamente: novas Congregações surgiram no Colégio Germânico (1565),
no de Palermo (1570 - pe. Achilles), no de Douai (1573 - pe. Coster), nos de
Bolonha (1574) e de Nápoles (1574 - pe. Soriano), no Seminário Romano (1675,
quatro aprovadas por um Breve Pontifício), em Praga (1575 - Beato Campião),
Pont-à-Mousson (1575 - pe. Maldonado), Colônia (1576), Barcelona (1577),
Avinhão (1577), Milão (1580), Friburgo (1581), Saint-Omer (1582), Lecce (1582),
Évora (1583), Nola, Áquila, Barletta, Salerno, Cozenza, Catanzaro, Tréveri,
Innsbrück, Wanrzburgo, Lyon, Liège, Bruxelas, Lima, etc.
O Céu abençoava a nascente instituição pelo
oráculo do seu representante na Terra.
Gregório XIII, chamando a Congregação "escola
de virtudes", deu-lhe existência canônica pela Bula "Omnipotentis
Dei" (5 dez. 1584 ), concedeu-lhe muitas indulgências e o direito de
agregar a si, para delas participarem, quantas de futuro se erigissem, para
estudantes e quaisquer outros fiéis, em toda a parte onde a Companhia de Jesus
tivesse colégios. Mostrou vivo desejo de vê-las crescer e multiplicar-se
indefinidamente, e encomendou o cuidado de todas elas ao Prepósito Geral da
Companhia de Jesus, dando-lhe para sempre o poder de promulgar decretos
relativos à boa administração delas, e de mudar, corrigir e reformar os já
feitos, como julgasse oportuno.
Os pontífices Sixto V, Clemente VIII e Gregório XV
confirmaram as mesmas graças e privilégios, permitindo ainda que se fundassem
Congregações em todas as Casas professas, Seminários e Residências da
Companhia, ou de que esta tivesse cargo.
A todos, porém, sobrelevou a munificência de Bento
XIV, que não só confirmou as graças e privilégios concedidos pelos seus
antecessores (Breve de 24 abr. 1748) mas, tecendo às Congregações os mais
rasgados elogios, outorgou ainda à Prima-Primária novos poderes.
"É
incrível, (diz ele na Bula de Ouro "Gloriosae Dominae" de 27 set.
1748), a grande utilidade, que para os homens de todas as condições resulta
desta louvável e piedosa instituição. Uns, seguindo desde a mais tenra idade, e
sob a proteção da Bem-aventurada Virgem Maria, o caminho da inocência e da
piedade, conservaram até ao fim um proceder irrepreensível, digno de um
discípulo de Jesus Cristo e de um servo de Maria, merecendo com tão santa vida
a corôa da Perseverança final. Outros, arrancando-se da vida pecaminosa que
miserávelmente os dominava e desviando-se da estrada da iniqüidade e da
perdição que tinham encitado, alcançaram, por intercessão da Mãe de
misericórdia, uma sincera conversão; e fazendo vida verdadeiramente Cristã,
ajudada pela constante assiduidade nas piedosas reuniões, perseveraram desta
maneira por toda a vida. Outros, finalmente, abrigando em seu coração desde a infância
uma devoção afetuosa para com a Mãe de Deus, subiram aos mais altos degraus da
caridade divina; e, abandonando generosamente os fementidos prazeres e os bens
transitórios do Mundo, foram buscar na vida religiosa um estado mais santo e
mais seguro, onde, pregados na Cruz de Jesus Cristo pelos votos da Religião, se
dedicaram unicamente à santidade das suas almas e à salvação do próximo. Por
tudo isso facilmente se compreende quão sábia e divinamente inspirado foi o
proceder dos Sumos Pontífices, nossos Predecessores, que desde o principio
tomaram sob a especial proteção da Sé Apostólica as Congregações de Nossa
Senhora, empenhando-se no seu desenvolvimento e progresso, e cumulando de um
grande número de graças e de privilégios insignes os Congregados e os que
dirigem as Congregações. . . E Nós, finalmente. que antes de sermos elevados a
esta Suprema Dignidade pertencíamos à Congregação da Bem-aventurada Virgem
Maria sob o titulo da Assunção, na Casa professa da Companhia de Jesus em Roma;
Nós, que recordamos com terna saudade as sábias e piedosas instruções que aí se
davam, com grande consolação do nosso espírito; Nós, pois, julgando ser dever
do nosso supremo e apostólico Magistério favorecer e promover com a nossa
autoridade estas sólidas e piedosas instituições, que fazem progredir na
virtude e poderosamente contribuem para a salvação das almas, aprovamos,
confirmamos, estendemos e ampliamos pelas nossas Letras Apostólicas em forma de
Breve de 24 de Abril último todos os privilégios e graças que nossos
Predecessores concederam à Primária e principal de Roma, e nela às de todo o
Mundo...".
Em 1751 (8 set.) concedeu o mesmo Pontífice que
pudessem agregar-se à Primária todas e quaisquer Congregações, de homens, de
mulheres, ou mistas, eretas nas casas ou igrejas da Companhia de Jesus em todo
o Mundo.
O papa Leão XII, em rescrito especial (7 mar.
1825), permitiu a agregação de todas, ainda que não fossem dirigidas por padres
da Companhia.
Os papas Pio IX, Leão XIII e Pio X confirmaram as
graças e privilégios anteriores, ampliaram-os, e mais de uma vez mostraram com
favores especiais o seu amor às Congregações Marianas.
“Em conseqüência de tão particular amor da Sé
Apostólica às Congregações, rápidamente se propagaram e estenderam por toda a
Terra. Príncipes, reis, imperadores; bispos, núncios e cardeais pediam para ser
admitidos nas Congregações e glorlavam-se do nome de Congregados. E quão longa
não é a série destes potentados da Terra!”.
"De todos diz-nos a História que o primeiro
Congregado foi a imperatriz da Áustria, esposa de Rodolfo II; em 1581
seguiu-se-lhe a rainha-mãe, de França; em 1585 o filho do rei da Suécia, o qual
rogava instantememte aos Congregados de Braunsberg, na Polônia, em um afetuosa
carta, que o recebessem na sua Congregação, e mais tarde, quando rei da Polônia
e da Suécia com o nome de Segismundo III, não só se não esqueceu da
Congregação, senão que, até se lhe acabar a vida, nunca cessou de mostrar em
mil circunstâncias afeto grandíssimo que tinha á Rainha do Céu.
“Em 1587 o Príncipe da Transilvânia pedia também
que o admitissem na Congregação de Cläuzenburg ; pouco depois era eleito
Presidente ; e o seu exemplo atraía a nobreza, e tanto a moveu nestes santos
exercícios, que se tornou uma das Congregações mais fervorosas”.
“Dois Príncipes da Baviera, Felipe e Fernando,
dirigiam também em 1592 as suas Congregações na dignidade de Presidentes. Na
Itália em 1602, o Duque de Sabóia com os príncipes seus filhos batia à porta da
Congregação de Turim, para pedir que o recebessem como congregado assim como
aos três filhos mais velhos; e um tal exemplo fez com que toda a nobreza
suplicasse a mesma graça. Sendo em 1607 eleito Presidente da Congregação de
Nancy o Príncipe de Vaudemont, recebeu também nela o Príncipe de Joinville,
filho de Henrique, duque de Guise, e muitos outros nobres da antiga oavalaria.
No dia da Anunciação e Nossa Senhora em 1639 era eleito Presidente da
Congregação de Colônia (Alemanha) Maximiliano Henrique, duque da Baviera, o
qual, ao ser investido de tal dignidade, cheio de um santo fervor fez um
terníssimo discurso, exortando os seus irmãos Congregados ao amor d’Aquela, a
cujo serviço se tinham dedicado”.
“A Congregação de Tirnau, que começou em 1592,
teve por primeiro Vice-presidente o sereníssimo Principe Nicolau de Eszterhasi,
vice-rei palatino da Hungria, o qual, com palavras e exemplo, procurava
propagar o culto da Mãe de Deus. Wladislau IV, rei da Polônia e Suécia, muito
ilustre pela sua terna devoção para com a Virgem, quis ser recebido na
Congregação de Louvain; e fundou a de Varsóvia sob o título da Imaculada
Conceição. Seu irmão João Casimiro, que também foi rei da Polônia e Suécia, foi
recebido na de Varsóvia no dia da Imaculada Conceição”.
"Quase todos os Arquiduques da Áustria foram
Congregados. O imperador Fernando II, o "Constantino Magno do século
XVII", ainda maior pelas virtudes que pela sua dignidade, foi um dos
Congregados mais zelosos e de maior fervor. Foi primeiro recebido em Viena,
quando era apenas rei da Hungria e da Boêmia. Nesse dia escreveu com o seu
próprio punho no Livro da Congregação o seguinte:
·
- "anno Domini 1618, die septima novembris,
Ferdinandus Hungariæ Bohemiaque Rex, Archidux Austriæ, sodalis Beatissimæ
Dei Genitricis Mariæ scripsit, sub cujus præaesidium se semper
commendat.”
Quando chegou a ser imperador, quis assinar outra
vez, acrescentando este novo título, mostrando assim quanto preferia aos
títulos augustos das soberanias da terra o de ser Congregado de Nossa Senhora.
Seu filho mais velho, digno imitador das virtudes
paterno, que chegou a ser rei da Hungria e da Boêmia e jurado rei dos romanos,
quis entrar, ainda moço, na Congregação, Intimamente penetrada do desejo de ter
parte nos especialíssimos bens que nela se gozam. Cumpria com a maior exatidão
as Regras Comuns, especialmente a do Exame de Consciência. Caiu doente no dia
da Visitação de Nossa Senhora, e morreu no último dia da Oitava, dizendo que
via a Virgem Santíssima a deitar-lhe a bênção. Tinha vinte anos de idade.
“O imperador Fernando III, digno sucessor da Coroa
e da piedade de Fernando II desejou ser recebido solenemente na Congregação de
Louvain, em dia da Purificaçào de Nossa Senhora, três anos depois da sua
eleição, e quis escrever com a sua real mão, não simplesmente o nome, como o
fazem os demais, mas uma fórmula especial da consagração de si e de tudo o que
lhe pertencia, repassada de unção e piedade, cuja versão é a que segue”:
·
o
"Augustíssima
Rainha do Céu, eu, de todo o Coração e por justos títulos, me declaro membro
desta Congregação reunida sob o vosso Nome. Entrego completamente nas vossas
mãos a minha pessoa, a imperatriz, os meus filhos, o império romano, que Deus
me confiou, e os reinos que recebi dos meus antepassados. Ponho sob a vossa
proteção todos os meus povos e os meus exércitos, que combatem pela vossa
glória e pela de vosso Filho. Serei, portanto, unicamente vosso, ó Maria; Vós
sereis a Senhora dos meus Estados, do meu reino e do meu império; sê-lo-eis dos
meus povos e dos meus exércitos; protegei-os, fazei-os vitoriosos, reinai,
imperai sobre eles; é isto o que ardentemente desejo, eu, que sou vosso por
dever de piedade e de justiça. Fernando".
" Depois de tão solene testemunho de estima
das Congregações, escusado será nomear tantos outros príncipes ilustres e
personagens célebres como o conde de Turenne, e acrescentarei apenas que não só
os que vivem no mundo tanto mais expostos aos seus tiros, quanto mais altos em
posição, contra os seus ataques se encastelaram nas Congregações, mas também
aquele, que à sombra do Santuário dedicam toda a sua vida ao serviço do Senhor,
e por Ele são constituídos pastores do seu rebanho, até estes com suas cruzes
episcopais, com suas vestes de púrpura, querem para si o nome de congregados, e
não duvidam nivelar-se com as mais humildes das suas ovelhas.
Os Núncios da Sé Apostólica em Viena pertenciam
quase todos à Congregação; sendo um deles recebido na Congregação de Grätz,
foi, no mesmo dia da sua entrada solene, imitado por cinco bispos; outro, sendo
arcebispo de Cápua em 1603, entrou na de Praga com o Arcebispo local em 1607, e
ambos escreveram pelo próprio punho o seu nome no Catálogo; em 1611 entrava na
de Cambrai o Arcebispo, acompanhado pelo Governador e principal nobreza da
cidade.
“Em Colônia, em 1666, era o Núncio o Presidente da
Congregação, que se compunha de toda a nobreza da cidade. A de Nápoles teve
começo em 1587 com o Núncio, três bispos, dois príncipes, o Almirante do Reino,
dois duques e muitas outras pessoas de famílias ilustres. A de Cahors era
presidida pelo próprio bispo, servindo-lhe de [vice-presidentes] as duas
principais dignidades do seu Cabido, e tinha mais quarenta pessoas da mais
luzida nobreza...”.
“Em 1615 o príncipe Carlos de Lorena, bispo de
Verdun, foi um dos Congregados mais fervorosos e elevou-se a tão subido grau de
perfeição que, alcançando do Papa licença para deixar o governo da sua diocese,
entrou na Companhia de Jesus, na qual morreu em odor de santidade. Costumava
dizer que não sabia o que tinha feito para merecer tão especial favor do Céu, e
que só explicava esta graça por ter o Senhor inscrito o seu nome entre os de
sua divina Mãe”.
“A Congregação de Paris teve a honra de receber no
seu princípio o venerável cardeal La Rochefoucault, cujo exemplo foi pouco
depois seguido por mais de trinta arcebispos e bispos ilustríssimos por letras
e virtudes; todos os dias repetia aquele santo prelado com particular devoção a
fórmula grande da Consagração, e pouco antes de expirar repetiu-a pela ùltima
vez com grande confiança, expirando santamente nos braços da Mãe de Deus”.
“O cardeal Alexandre Ursini, depois de ser por
muitos anos Presidente da Congregação de Braciano, edificando a todos com as
mais heróicas virtudes, teve a felicidade de espirar na oitava da Assunção,
assistindo-lhe então visivelmente a Santíssima Virgem”.
“Em suma, basta dizer que só até ao século XVII
deu a Congregação Prima-Primária, por si só , 80 Cardeais, e dentre deles 7
Sumos Pontífices com os nomes de Urbano VIII, Alexandre VII, Clemente IX,
Clemente X, Inocêncio XI, Inocêncio XII e Clemente XI”.
Do século XVII em diante outros Príncipes da
Igreja se devem contar e pelo menos os Sumos Pontífices Bento XIV, Pio IX e
Leão XIII (1829)
Varões ilustres em santidade tiveram-nos as
Congregações em São Francisco de Sales, S. Afonso Maria de Ligório, s. Fiel de Sigmaringa,
s. João Francisco de Régis, s. Leonardo de Porto Maurício, s. João Batista
Rossi, s. Pedro Fourier, s. Camilo de Lélis, s. Francisco Solano, s. Pedro
Claver, s. Francisco de Jerônimo, s. Afonso Rodrigues, s. Luiz Grignion de
Montfort, s. João Berchmans, s. Estanislau Kostka, s. João Eudes, s. João de
Brito, s.André Bobola, os bem-aventurados Crispin de Viterbo, Camilo
Constâncio, Carlos Spínola, e o Venerável Olier, fundador dos Sulpicianos.
Tais foram os créditos das Congregações, e por
eles podem computar-se os frutos morais e sociais que elas produziram no seio
da Igreja e dos povos.
Em Portugal a partir de 1583, data da fundação da
primeira Congregação verdadeiramente Mariana em Évora, até a expulsão dos
Jesuítas (1759), tomaram estas Associações um desenvolvimento admirável,
levando a todas as classes sociais os seus benéficos influxos. Para estudantes
houve Congregações em Évora, Lisboa, Coimbra, Angra, S Miguel Portalegre,
Elvas; Porto e Funchal. Para nobres, em Lisboa (três), Loanda e Damão.
Para a nobreza e clero, em Angra. Para nobreza, clero e religiosos
de diversas ordens em Évora. Para doutores, professores e estudantes
simultaneamente, em Coimbra, na Universidade. Para desembargadores civis e
eclesiásticos, ainda que não exclusivamente no Porto. Para militares em
Elvas, Angra e Lisboa. Para médicos, no Porto Para negociantes no
Funchal. Para músicos, em Lisboa. Para artistas, em Lisboa (duas) e
Coimbra. Para os meninos da doutrina, em Lisboa. Para criados de
servir, em Bragança: e para; os pobres, em Lisboa. Havia ainda Congregações
para diversas classes além das terras mencionadas em Alemquer, Arganil,
Beja,Benavente, Ceia, Chellas, Esgueira, Faro, Fayal, Goés, Grândola, Leiria,
Linhares, Setúbal, Torres Vedras, Villa Franca de Xira e Villa Viçosa. A
enumeração está longe de ser completa e a afluência de Congregados, notável em
cada Congregação chegava nalgumas a ser assombrosa Basta citar para exemplo a
Congregação de Nossa Senhora do Socorro, no Colégio de Santo Antão, em Lisboa a
qual poucos tempos depois de fundada (1669), contava para cima de oitenta
mil membros!
No Brasil floresceram elas também, ainda que, por
condições locais. Fáceis de entender, o seu numero houvesse naturalmente de
ser, e fosse de fato mais restrito. Em todo o caso, o número das Congregações
agregadas à Prima Primaria em 1572 antes da supressão da Companhia, era já de
2.126.
A supressão da Companhia, a cujos desvelos os
Sumos Pontífices as tinham confiado importou-lhes enorme atraso. Continuaram
algumas a viver à sombra de Jesuítas dispersos outras pelos cuidados do clero
secular. De novo, só 826 foram agregadas à Prima Primária até 1828.
A restauração, porém, da Companhia (1814)
trouxe-lhes nova vidae expansão enorme. De 1826 a 1886 as agregações foram 14.359.
Em dezembro de 1911 estavam agregadas mais 19.215, cabendo só a 1911 o
significativo número de 1.241, das quais pertencem uma a Portugal e 30 à
América do Sul.
Em 1912 agregaram-se ainda 1.326, sendo uma
portuguesa e 23 da América Meridional. É de advertir que no total de 37.852,
constante dos quadros autênticos de agregação não compreende ainda cerca de
10.000 Congregações mais, que de documentos autênticos consta certamente terem
sido agregadas e cujo registro de agregação se perdeu.
Neste movimento crescente da segunda metade do
século XX e princípios da atual tiveram quinhão notável Portugal e o Brasil.
Não cabe em breve referência a história minuciosa
das Congregações, que será a seu tempo ordenada e impressa. Aqui basta dizer
que no Brasil tem sido exemplo de fervor as Congregações do Pará, Recife, Rio
Grande do Sul, Santa Catarina, SãoPaulo, Itú, Rio de Janeiro, Friburgo e Bahia.
(...) Falo só de Congregações para homens, e não as menciono todas. Estudantes
de todos os cursos, seminaristas, médicos, advogados, empregados públicos,
artistas, operários e homens do campo tinham nelas orientação para a vida de
católicos, calor para a piedade e fartos estímulos para largo apostolado.
Muitas foram extintas com as Casas em que funcionavam, ou às fúrias da
perseguição; outras terão de guardar a vida à sombra do escondimento.
Cedo lhes mande Deus o sol da liberdade, que dê
vida e prosperidade às existente, e lhes faça brotar ao lado novas irmãs a
emular-lhes os frutos."
(texto atribuído ao pe. Émile Villaret, SJ - o
maior historiador das Congregações Marianas)
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